Password = palavra-passe = senha
Fiquei escandalizado quando me deparei com esta resposta a uma questão acerca da tradução mais correta para a expressão password. O senhor que respondeu à questão está totalmente equivocado. Eu teria todo o prazer em esclarecê-lo, mas o que está publicado é muito grave e tem de ser retirado.
Em Portugal, password só tem uma tradução possível. Não digo que senha não exista porque, de facto, existe. No entanto, não designa password. Não sou eu que estou a inventar ou a complicar. Qualquer dicionário rigoroso e consistente poderá, também, provar-vos o que estou a afirmar.
Vejamos:
palavra-passe: Sequência de caracteres alfanuméricos que permite o acesso a dados ou sistemas informáticos protegidos. Palavra ou expressão que desencadeia uma operação num computador.
senha: Sinal, gesto combinado entre duas ou mais pessoas. Cautela. Bilhete que se dá em certos recintos de espetáculos, aos espetadores que dele saiam momentaneamente. Palavra que se junta ao nome do santo, na frase que serve para as rondas e as sentinelas que se reconhecerem. Bilhete com caracteres numéricos responsáveis pelo ordenamento de aglomerados de pessoas e filas de espera.
O que sucede é que os Acordos Ortográficos vão além da ortografia. E o fenómeno da globalização também ajuda! A utilização da palavra senha para traduzir password, em Portugal, deu-se a partir do momento em que houve brasileiros a produzir sistemas para Portugal e houve sistemas ingleses/alemães/espanhóis a serem traduzidos apenas para português do Brasil e a serem usados em Portugal.
Formação da palavra:
Se separarem pass de word obtêm «passar» e «palavra». Dados os ajustes obviamente necessários, gerou-se passe e palavra. Uma vez que no inglês a inversão do nosso sentido natural de escrita é conhecido, foi necessário transpor para a expressão «palavra de passe». Já que em português temos o fantástico fenómeno linguístico da justaposição, criou-se a expressão palavra-passe.
Utilização da palavra:
Quanto à questão do uso militar da palavra password, não vou alongar-me. Não é que não tenha argumentos, mas a explicação seria demasiado extensa quando se resume ao facto de as palavras terem de sofrer alterações mediante a sua utilização, i.e., a circunstância em que são utilizadas. Tem milhares de milhões de exemplos desta situação na língua portuguesa.
Espero que corrijam o que foi escrito em http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=1934
