A locução «ser de»1 antes de um verbo no infinitivo, como o exemplo aqui apresentado – «é de salientar» – ajuda num texto a enfatizar a importância, relevância ou natureza de uma determinada ação ou qualidade em relação ao tema em discussão.
Esta ênfase na importância ou relevância da ação é reforçada pelo valor modal deôntico associado à expressão «ser de», que, no caso, veicula uma modalidade deôntica com valor de obrigação. Isto significa que ao dizer «é de salientar», se transmite a ideia de que é necessário, esperado ou até mesmo obrigatório salientar algo em particular, como se pode ver nas seguintes paráfrases:
(1) «Devemos salientar que o grafíti necessita de...»
(2) «Temos de salientar que o grafíti necessita de...».
Relativamente ao uso da preposição de, deve-se ao facto de esta ser «usada em perífrases verbais com valor modal» (Fundação Calouste Gulbenkian, Gramática do Português, pág. 1550).
1 «O verbo ser não é utilizado como verbo pleno, mas faz parte de uma construção gramaticalizada que é usada para exprimir o valor modal deôntico e em que o acontecimento linguístico construído na enunciação se localiza, relativamente à relação predicativa, num tempo posterior ao tempo da enunciação.» (Mafalda Frade. Sobre a construção ser + de + infinitivo no livro dos oficios do infante D. Pedro).