Como poderá ver pelo motor de busca, este é um tema já várias vezes respondido no Ciberdúvidas [cf., por exemplo, Soares foi um dos que lá estiveram + Sou um dos que dizem], após «um dos que» ( = «um daqueles que») o verbo deve ir na 3.ª pessoa do plural. Por exemplo: «Ele é dos que falavam mais alto na reunião.» Ou: «Portugal é um dos países que mais dependem do petróleo.» Ou, no caso em apreço: «Fui um dos que fizeram despertar.»
Às vezes, omite-se o artigo indefinido um: «Carlos é dos alunos que estudaram mais afincadamente.»
Vasco Botelho de Amaral escreveu o seguinte no seu Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa (Editora Educação Nacional, Porto, Vol. II, 1938):
«A doutrina que devemos seguir, quanto à concordância do predicado em jogo sintáctico com a expressão um dos que, parece-nos ser esta, fixada por Epifânio Dias na Sintaxe Histórica, 26: "Em expressões, como: um dos que mais trabalharam, é erro concordar o predicado com a palavra um e dizer: 'um dos que mais trabalhou'. Este erro cometeu Frei Luís de Sousa, quando disse: 'Esta cidade foi uma das que mais se corrompeu...' ». Portanto, escrevamos como Camões: "Era este Catual um dos que estavam (e não 'estava') corruptos pela maometana gente..." (Os Lusíadas, VIII, 81). O erro de construção de um dos que com predicado no singular (ocorrente em Fernão Lopes, Frei Luís de Sousa, João de Barros, Bernardes, Vieira, Garrett, Herculano, Camilo, etc.) explica-se por atracção de um. Todavia, analisando bem, temos: Era este Catual um dos que (= daqueles) – oração principal: que (antecedente os ou aqueles) estavam corruptos pela maometana gente – oração subordinada adjectiva. Lembramos que Rui Barbosa e José de Sá Nunes defenderam a construção com verbo no singular, apresentando inúmeros exemplos clássicos. E Said Ali fez ver que o fenómeno do emprego do verbo no singular, em vez do plural na oração relativa, se observa em grego, latim, francês, espanhol, inglês e alemão. Isto mesmo lembrou também o sr. Manuel de Paiva Boleo em erudito trabalho. Contudo, preferimos seguir, depois de ouvidas as duas partes, a sintaxe que leva o predicado ao plural, como aconselharam Epifânio Dias, Leite de Vasconcelos, Agostinho de Campos, etc.»