1 – Ainda os sociais-democratas
Uma coisa é o significado e o sentido duma palavra; outra, a ortografia dessa palavra. Por isso, não vem a propósito o confronto entre democratas-cristãos e sociais-democratas no tocante ao que significa cada uma das palavras.
Dizemos assim: O João é um social-democrata. A presença do artigo um/o exige um substantivo por ele regido que, neste caso, é democrata. Tanto assim que poderíamos dizer também: "O João é um democrata-social".
Sendo democrata substantivo, social é adjectivo. Como o adjectivo tem forçosamente de concordar com o substantivo, diremos os sociais democratas: O João e o Pedro são sociais-democratas.
Quem não concordar, pode ripostar dizendo: "Nada disso! Social e democrata são substantivos."
Pensando assim, temos que os substantivos compostos por dois substantivos não aglutinados - é o caso de social-democrata - formam o plural tomando ambos a desinência -s. Qualquer boa gramática do antigo ensino primário diz isto mesmo.
Deste modo só podemos dizer em linguagem correcta: "O João e o Pedro são sociais-democratas."
Para terminar, não é preciso comparar o sentido de social-democrata com o de democrata-cristão. Basta dizer ao consulente António Jorge Branco que tome um avião para a França, cujos naturais prezam mais a sua língua do que nós a nossa, e que organize um comício contra eles por dizerem "sociaux-démocrates".
A grafia errada social-democratas foi sustentada, que se saiba, apenas, pela drª. Edite Estrela. Repare-se: nesse pressuposto, também nunca poderíamos dizer democratas-cristãos ou cristãos-democratas ou populares-monárquicos, etc, etc. E, afinal, dizemos (e escrevemos) exactamente assim.
[Sobre esta matéria controversa cf. O plural de social-democrata + Ainda sobre o plural de social-democrata + Ainda e (quase sempre) social-democratas/sociais-democratas?]