1. Depreende-se que o termo croça se aplica a toda a parte superior de um báculo ou bastão, seja ela trabalhada ou não, até porque tal uso do termo é feito por metonímia de croça, enquanto designação de um báculo inteiro com a extremidade superior recurvada.
2. É difícil dar uma resposta categórica, porque os dicionários divergem quanto à história da palavra. Se o vocábulo croça, na aceção de «bastão com parte superior recurvada» (cf. dicionário da Academia das Ciências de Lisboa), foi transmitido ao português pelo castelhano, tem todo o sentido escrever a palavra com ç, porque é este é o grafema que, em meio de palavra, historicamente corresponde à consoante (uma fricativa interdental) que no espanhol moderno é representada por z (cf. caça vs. caza). Se assim for, deve-se notar que, a respeito dos critérios etimológicos da grafia das palavras, nem sempre prevalece o de refletir a fonia ou grafia mais recuadas — também se tem em conta a história da transmissão da palavra. Não obstante, o Dicionário Houaiss dá primazia à grafia crossa, indicando que que croça é forma não preferível; além disso, em nota etimológica, defende-se aí que a palavra, de origem germânica (concretamente, do frâncico), chegou ao português por via do francês.
Em conclusão, não me parece clara a história da transmissão da forma que veio a tornar-se croça/crossa em português. Trata-se, pois, de um tema que requer estudo aturado, mais do que é compatível com uma resposta do Ciberdúvidas.