Já aqui nos temos referido ao uso dos diminutivos e dos aumentativos. O critério é este: em princípio, todos se usam se as palavras que constituem a sua base, isto é, as palavras no grau normal, têm uma estrutura adequada à formação de tais formas. Como estes diminutivos e aumentativos têm uma formação regular, por adjunção dos sufixos mais correntes, que são -inho ou -ito e -ão ou -zinho ou -zito e -zão, não estão dicionarizados. Além disso, o seu uso é pontual, o que significa que são formados muitas vezes para satisfazer uma necessidade expressiva: é assim que, em certas situações, por exemplo, quando se interage com uma criança, é possível construir formas que nem sempre parecem soar bem (não são eufónicas), como "cãozão". Justamente para suprir estes casos menos estáveis, há certo número de formas, sobretudo aumentativos, que se fixaram na língua e que até adquiriram acepções autónomas, ou seja, diferentes do significado da palavra original; tudo isto explica que jarrão seja um tipo de jarro e que também se prefira canzarrão a "cãozão", embora, repita-se, esta forma não seja impossível em contextos muito restritos.
Ora bem, nos casos apontados pela pergunta, não há qualquer dificuldade na formação dos diminutivos: ovinho, docinho e chocolatinho são os diminutivos mais previsíveis de ovo, doce, e chocolate, respectivamente. Quantos aos aumentativos correspondentes, já há mais dificuldade, até porque estas palavras tendem com frequência a adquirir significados próprios. Significa isto que "ovão", "doção" e "chocolatão" são formas regulares, cujo emprego só em situações específicas é de prever. Em suma, a respeito mais dos aumentativos do que dos diminutivos, não há um critério objectivo para identificar com segurança quais as formas aceitáveis. Em caso de dúvida, deve recorrer-se a um dicionário geral, porque pode acontecer que existam formas irregulares, mais frequentes. Além disso, deve ter-se em mente que o uso de diminutivos é variável, porque nele intervêm factores de variação regional (diatópica), social (diastrática) e de registo (diafásica).
Quanto a saber se na definição de uma família de palavras se incluem os diminutivos e os aumentativos, a resposta é afirmativa e abrange mesmo as formas mais marginais como florzona, desde que se considere as condições especiais da sua ocorrência, uma vez que é forma não preferencial a florão ou florona. Mas atenção, que, tradicionalmente, a conceituação de família de palavras não envolve nomes próprios (Florinda é, portanto, de excluir).
Gostaria de ser mais preciso sobre este assunto, que reconheço merecer um estudo aprofundado que neste momento nem sei se existe. De qualquer modo, no contexto pedagógico, penso que há que ter a preocupação de não querer abarcar todos os itens relevantes para a definição de uma família de línguas, conceito, que, reconheça-se, nem sequer é dos mais claros em matéria de estruturação do léxico.