Há pelo menos um dicionário geral que legitima a aceção que refere da palavra acervo, ou seja, conjunto de bens de uma herança, o que a torna sinónima de espólio. Porém, a interpretação mais comum é a de que os bens de uma pessoa viva constituem o seu património, o seu acervo. Ao passo que os bens de uma pessoa morta, não deixando de constituir o seu acervo, o seu património, são também o seu espólio, o seu legado, a sua herança. Tratando-se de pessoa viva e para se referir aos seus bens, usa-se a expressão acervo, com o sentido de conjunto, e nunca a palavra espólio. Tratando-se de pessoa morta, podem usar-se indistintamente as palavras acervo ou espólio. Há, porém, algumas cambiantes de uso da palavra espólio que convém assinalar. A palavra espólio também significa «despojo», ou seja, «restos», aquilo que sobra, aquilo que já não tem utilidade prática. Assim, se uma organização possui bens que já não são de uso corrente e a que atribui um determinado valor histórico e com eles constitui um museu, por exemplo, estes podem assumir-se como uma espécie de herança ou legado em vida, de espólio. Por extensão, a palavra espólio tem vindo a ser utilizada para representar o acervo de peças de um museu (espólio museológico), sobretudo quando se trata de museus constituídos essencialmente por espólios pessoais ou de organizações extintas, decorrentes de legados, heranças ou doações.
Usam-se ainda as expressões «espólio arqueológico» para significar o conjunto de peças ou artefactos de uma estação arqueológica; «espólio bibliográfico» para representar os livros, a biblioteca, de alguém morto; «espólio documental» para representar os documentos (arquivo pessoal), incluindo muitas vezes também a biblioteca, de alguém morto; «espólio literário» para representar os textos literários de um escritor ou autor morto; «espólio científico» para representar os textos de um cientista ou autor morto; «espólio musical» para representar as partituras e/ou peças musicais de um músico ou compositor morto; «espólio fotográfico» para representar as fotografias de um fotógrafo morto.
Com as cambiantes salientadas, usará, apesar de tudo, de maior rigor se se referir a acervo para representar os bens patrimoniais de alguém vivo e a espólio para representar os bens de alguém morto.