Como se já respondeu anteriormente, em Portugal, o mais usual é a nível (de). Mas como também consta numa nossa outra resposta anterior, a locução a nível de é um galicismo não recomendado por muitos autores como, por exemplo, o brasileiro Domingos Paschoal Cegalla, que regista o seguinte no seu Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa (Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1996):
«A nível de. Locução em voga, porém inútil, como nesta frase de um jornal carioca:
“A pesquisa de FGV mostrou estabilidade nos preços tanto a nível de atacado quanto no varejo.” Bastaria ter escrito: “... tanto no atacado quanto no varejo”. A legítima locução portuguesa é ao nível de, que significa à mesma altura: “Era um solo baixo, quase ao nível do mar.”/“Certos vícios rebaixam o homem ao nível dos brutos.”/“A sala do professor Mânlio era ao nível do pátio, em pavilhão independente do edifício principal.” (Raul Pompéia, “O Ateneu”, cap. 2)/“A inflação subiria ao nível de mal necessário desde que beneficiasse o senhor de terras.” (Alfredo Bosi, “A Dialética da Colonização”, p. 210).»
Na mesma linha escrevem os também brasileiros João Bosco Medeiros e Adilson Gobbes, no seu Dicionário de Erros Correntes da Língua Portuguesa (Editora Atlas, São Paulo, 1999):
«(...) A expressão a nível de deve ser substituída por em termos de, ou, dependendo do contexto, ser eliminada: “Em termos nacionais.” E não: “Em nível nacional.” É igualmente incorreta a expressão “A nível nacional”./“Em termos de assédio sexual, a situação do secretário de Governo é indefensável”./“Fulano falou como diretor.” E não:“Fulano falou em nível de diretor.”»
[Uma curiosidade suplementar: «Hoje diz-se nível, com acento tónico no i. Saiba-se, contudo, que etimologicamente se devia dizer nivél, com acento tónico no e. A título de esclarecimento para os menos familiarizados com a matéria, vou transcrever a seguinte informação de Antenor Nascentes, Dic. Eti.: “Nivel – Do lat. ‘libellu’, dim. de ‘libra’,’balança’, segundo M. Lübke, Rew, 5010, através do ant. fr. “livel”, “nivel”. Esp. “nivel” (oxítono), it. “libello”, fr. mod. “niveuau”. O port. arc. era livel: “E vimos a poderosa/Rainha Dona Isabel/... Governar bem por livel (Garcia de Resende, “Miscelânea”). Mais modernamente, nivel (oxítono), como aparece em Gil Vicente: “Imbarquemini in batel/... /Feci, e bem por nivel (Auto da Barca do Inferno); Por piedoso nivel/ ... / Das ovelhas de Israel (Auto da Cananeia).” É esta acentuação pedida pelo étimo imediato, o francês antigo. A passagem do l a n pode explicar-se por dissimilação. A acentuação moderna, paroxítona, pode explicar-se por analogia com os adjectivos em -ivel, como terrível, etc. (...)» (In Dicionário de Erros e Problemas de Linguagem, de Rodrigo de Sá Nogueira, Livraria Clássica, Lisboa, 1974).]