Os dicionários de regência verbal consultados não atestam a construção «sentir em», como figura na frase apresentada pelo consulente: «Como se sente em passar o Natal longe de casa?».
Contudo, na aceção pretendida, temos «sentir por» + infinitivo e «sentir ao» + infinitivo, que não são casos de regência, mas, sim, de associação de orações subordinadas adverbiais de infinitivo ao verbo em apreço:
(1) «Como se sente por passar o Natal longe de casa?» [valor causativo/explicativo]
(2) «Como se sente ao passar o Natal longe de casa?». [valor temporal]
Note-se, mesmo assim, que não pode considerar errada completamente a sequência «sentir em» O que acontece é não ser habitual que esta conjunção introduza uma oração infinitiva, neste caso como modificador do grupo verbal, depois de sentir2.
Note-se que a estutura oracional pode também ser finita : «Como se sente quando passa o Natal longe de casa?»
1 Consultaram-se Celso Pedro Luft, Dicionário Prático De Regência Verbal, e Francisco Fernandes, Dicionário de Verbos e Regimes.
2 Como foi dito, embora este não seja um caso de regência, assinale-se que o uso das preposições na construção de regência pode revelar variação significativa. Como oberva a consultora Eva Arim, a «área das regências verbais é uma área em que não existe normalização na língua portuguesa. Basta consultar dois ou três instrumentos de normalização da língua (dicionários de língua, dicionários de regências, prontuários, etc.) para constatar que não existe consenso entre eles. Não existindo uma única norma oficial que defina que preposições acompanham que verbos, torna-se muitas vezes impossível definir uma regência verbal única que corresponda à sancionada pela norma» (consulte-se a resposta completa aqui).