Com a adopção do AO 90, Tróia perde realmente o acento agudo, passando a Troia, conforme indica o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) da Porto Editora, o qual inclui a grafia de muitos topónimos. O topónimo e hidrónimo até agora escrito Côa em português europeu não está registado no referido VOLP, mas os artigos da Infopédia, trabalho da mesma editora, grafam-no sem acento circunflexo — Coa.
A perda de acento agudo em Troia deve-se ao disposto no AO 90, na Base IX, 3 , sobre palavras paroxítonas, isto é, graves, com ditongo "ei" ou "oi" na sílaba tónica:
«3 Não se acentuam graficamente os ditongos representados por ei e oi da sílaba tónica/tônica das palavras paroxítonas, dado que existe oscilação em muitos casos entre o fechamento e a abertura na sua articulação:assembleia, boleia, ideia, tal como aldeia, baleia, cadeia, cheia, meia; coreico, epopeico, onomatopeico, proteico; alcaloide, apoio (do verbo apoiar), tal como apoio (subst.), Azoia, boia, boina, comboio (subst.), tal como comboio, comboias, etc. (do verbo comboiar), dezoito, estroina, heroico, introito, jiboia, moina, paranoico, zoina.»
Relativamente a Côa, observe-se que, em Portugal, enquanto vigorou o Acordo Ortográfico de 1945 (AO 45), a palavra tinha acento circunflexo a marcar vogal tónica fechada, como côa (3.ª pessoa do presente do indicativo e 2.ª pessoa do imperativo do verbo coar),1 para se diferenciarem de coa, palavra proclítica (isto é, dependente da acentuação da palavra seguinte), resultante da combinação de com e de a, forma de feminino do artigo definido (cf. AO 45, base XXII e Rebelo Gonçalves, Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa, 1947, p. 173, n. 6). À luz do novo acordo, não se coloca acento no topónimo nem na forma verbal, deixando de haver contraste com a forma proclítica coa, em consonância com o que se lê na Base IX, 9:
«Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do circunflexo, para distinguir palavras paroxítonas que, tendo respectivamente vogal tónica/tônica aberta ou fechada, são homógrafas de palavras proclíticas. Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar, e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão de pelar, e pela(s), combinação de per e la(s); pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (é), substantivo ou combinação de per e lo(s); polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s); etc.»
1 Em Portugal, tinham acento circunflexo as seguintes formas do verbo coar, conforme o AO 45 (base XXII): a referida forma côa e côas, 2.ª pessoa do singular do presente do indicativo.