Com verbos regulares da 1.ª e 2.ª conjugações, é frequente haver confusão na escrita entre o pretérito perfeito simples do indicativo (PPI) e o presente do indicativo (PI) da conjugação pronominal, na 2.ª pessoa. Trata-se de formas diferentes, com pronúncia e grafia diferentes:
1. enganaste (PPI) vs. enganas-te (PI)
2. vendeste (PPI) vs. vendes-te (PI)
As formas corretas acima indicadas têm diferentes contextos de ocorrência; p. ex.:
3. «Enganaste quem confiava em ti.» vs. «Enganas-te ao dizeres isso.»
4. «Vendeste a casa?» vs. «Vendes-te por um prato de lentilhas.»
O erro está em escrever uma forma no contexto da outra (o * indica erro ortográfico):
5. *Enganas-te quem confiava em ti.
6. *Vendes-te a casa?
O erro pode chegar a afetar a grafia dos verbos irregulares:
7. Fizeste uma asneira. / *Fizes-te uma asneira.
Outra confusão recorrente – já aqui abordada – é a do imperfeito do conjuntivo (IC) com a forma pronominal do presente do indicativo (PI), na 3.ª pessoa: lavasse vs. lava-se.
Muitas vezes, em contexto pedagógico, a estratégia para evitar a incorreção em apreço é pedir aos alunos a aplicação de um teste que consiste em juntar não ao verbo da frase que pretendem escrever. Retomando os exemplos 4 e 6, aplica-se o teste para obter as seguintes frases:
8. Não vendeste a casa.
9. Não TE vendes por um prato de lentilhas.
O exemplo 9 indica que só o -te pronominal hifenizado é móvel, deslocando-se para posição pré-nominal e na escrita perdendo o hífen. No exemplo 8,apesar do advérbio de negação, a sequência te não muda de posição, o que significa que constitui uma terminação e, portanto, não se separa da forma verbal de que é parte.