Trata-se mesmo de uma oração completiva de infinitivo, ou seja, este tipo de orações não tem de ser introduzido por conjunções. Também não é de admirar que o infinitivo não esteja fletido, porque ocorrem outros casos semelhantes, como o de gostar: «Gosto de visitar museus.» Sobre este verbo, que é de certo modo um sinónimo de apreciar, observam J. A. Peres e Telmo Móia, em Áreas Críticas da Língua Portuguesa (Lisboa, Editorial Caminho, 1995, pág. 113):
[...] [O]s argumentos oracionais infinitivos de gostar [...] – e bem assim os argumentos pronominais e nominais – são obrigatoriamente preposicionados:
(380) O Paulo gosta de ser elogiado/disso. [...]
Refira-se que, na análise de um grupo verbal formado por verbos psicológicos como apreciar, gostar ou volitivos como querer, associados a um infinitivo, se considera que os dois verbos constituintes desse grupo têm sujeitos correferentes: «eu gosto de sair» (interpretável como «eu gosto (de) que eu saia»1). O mesmo sucede com um verbo psicológico: «eu penso sair mais tarde» (= «eu penso que saio mais tarde»)
Convém ainda reiterar que a ocorrência de conjunção não é condição para a seleção de uma oração completiva. Basta lembrar que as orações completivas de infinitivo flexionado não são introduzidas por conjunções, podendo muitas começar por preposições: «ouvi as crianças chorarem»; «o tema levou-os a discutirem.»
1 Sobre a omissão da preposição de antes de oração completiva finita, ver Peres e Móia, op. cit, pág. 113.