Pode considerar-se que a oração é ambígua, porque interpretável como relativa ou como consecutiva (como bem observa o consulente).
A leitura consecutiva decorre de aceitar-se que está subentendida uma expressão de intensidade – por exemplo, o determinante tal, que marca intensidade:
1 – «A era do petróleo criou prosperidade a uma escala que as gerações anteriores não poderiam sequer imaginar.» = «A era do petróleo criou prosperidade a uma escala [tal,] que as gerações anteriores não poderiam sequer imaginar.»
Esta ambiguidade é comentada pela Gramática da Língua Portuguesa (Lisboa, Editorial Caminho, 2003, pág. 758/759), de Maria Helena Mira Mateus e outras autoras, ao realçar a afinidade entre orações consecutivas e orações relativas:
«A existência de frases ambíguas [...] entre a natureza relativa e a de consecutiva aproxima de novo os dois tipos de construção:
[...] Tenho uma casa que abriga muita gente.
[...] Tenho uma casa tal que abriga muita gente. [...]»
É de assinalar, porém, que a Gramática do Português da Fundação Calouste Gulbenkian (2013, pág. 2169) classifica como orações consecutivas aquelas que, introduzidas por que, ocorrem numa frase exclamativa:
«O operador consecutivo pode não ser expresso, em frases exclamativas como as seguintes:
[...] Estava um frio que não se podia sair de casa! [...]
Ele trabalha que se mata! [...]»
Voltando à frase em questão, embora esta não seja exclamativa, a intensificação associada a «uma escala» permite enquadrar a oração «que as gerações anteriores não poderiam sequer imaginar» na análise proposta pela Gramática do Português – ou seja, trata-se de uma oração adverbial consecutiva. Mesmo assim, a leitura desta oração como relativa não deixa de estar disponível e, por isso, parece prudente considerar este um caso como ambíguo.