As orações assindéticas são orações coordenadas que não contam com a presença lexical de uma conjunção, ex.: «Será uma vida nova, começará hoje, não haverá nada para trás» (leia-se também, por exemplo, esta resposta).
Ora, manifestamente, não é esta a situação do enunciado transcrito pelo prezado consulente, pois, neste caso concreto, encontramo-nos na presença de uma frase que contém uma oração subordinada final, introduzida pela conjunção subordinativa (ou conector, na perspetiva de Mateus e outros, Gramática da Língua Portuguesa, p. 715) para, que exprime o fim ou o propósito, ex.: «Saí cedo para chegar a tempo ao seminário» (Mateus e outros, op. cit.). Ainda segundo as referidas autoras, valerá a pena dizer que, nas frases com orações finais, «o conteúdo proposicional da oração principal [= «precisa de ter uma personagem de madeira na sua casa digital»] é considerado pelo locutor como uma condição do conteúdo proposicional descrito na oração final [= «Para poder participar na festa a partir do seu computador»]; por outro lado, a oração final significa uma consequência e, simultaneamente, um propósito, uma finalidade, da oração principal» (op. cit., p. 716).
Finalmente, é de notar que, segundo Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, p. 645, emprega-se a vírgula «para separar as orações subordinadas adverbiais, principalmente quando antepostas à principal». Deste modo, e tendo em conta que o exemplo apresentado pelo consulente integra justamente uma oração subordinada adverbial final anteposta à principal – «Para poder participar na festa a partir do seu computador» –, julgo que será ajustado (ainda que sem caráter obrigatório) colocar a vírgula antes da oração principal: «Para poder participar na festa a partir do seu computador, precisa de ter uma personagem de madeira na sua casa digital.»