É possível mas pouco frequente o uso causativo de apaixonar com um sujeito realizado por uma expressão nominal cujo núcleo é um substantivo referente a pessoa e cujo complemento direto constitui o alvo da paixão dessa pessoa. As poucas ocorrências exemplificativas desse uso, encontramo-las, por exemplo, em Camilo Castelo Branco:
1. «Esse rapaz foi para a corte com o pai... foi ele então quem na* apaixonou... – Foi. Há quem os visse no bosque de amieiros da Ínsua, defronte da Granja» (Camilo Castelo Branco, Maria Moisés, no Corpus do Português).
2. «apaixonando as meninas aristocratas e campando de as pôr em rivalidade» (Camilo Castelo Branco, Os Demónios, em apaixonar no dicionário da Academias das Ciências de Lisboa).
Mas também é possível encontrar algumas ocorrências no português mais recente:
3. «Personagens que interessam, apaixonam, emocionam e podem levar o público a rir e a chorar, por eles e com eles» (1997, Corpus do Português).
Bem mais corrente é o sujeito de apaixonar causativo (e não pronominalizado reflexivamente) não se referir diretamente a pessoas:
4. «Os casos concretos das redes de pequenos "peixes", vamos encontrá-los no têxtil, na região de Prato, na Itália – a mesma "Itália do Meio" que apaixonou Michael Porter para o seu modelo de "clusters" industriais [...]» (O novo fôlego da Sloan School, 1997, Expresso, no Corpus do Português).
* A forma na corresponde à ocorrência do artigo definido depois de palavra terminada em nasal (no caso, quem). Trata-se de um uso antigo, ainda popular em Portugal, que a norma não aceita.