Segundo um documento disponível na Internet, comodificação é um neologismo que exprime um conceito proposto pelo investigador Norman Farclough (Discurso e Mudança Social, Brasília, Nobel/UNB, 2001) no contexto do problema da mercantilização de toda a actividade humana:
«Fairclough chama de comodificação o processo pelo qual as instituições sociais passam a ser definidas e organizadas, apesar de não produzir mercadorias no sentido stricto [sic; a forma correcta é estrito] da palavra, em termos de produção, distribuição e consumo de mercadorias.»
A palavra é a adaptação do inglês commodification, termo surgido na teoria da arte que significa «processo de transformar em mercadoria (= commodity)». Commodification vai buscar o seu radical à palavra latina commoditatem, caso acusativo de commodĭtas, ātis [«justa proporção, simetria, proporção; comodidade, oportunidade, ocasião favorável; bondade, complacência (em linguagem popular)», Dicionário Houaiss] através do francês commodité, que é cognato (tem o mesmo étimo) do português comodidade (também é possível afirmar que este substantivo deriva de cómodo). Note-se que commodĭtas, ātis deriva do adjectivo commŏdus,a,um, formado pelo prefixo cum-, «com», e o substantivo modus, i, «medida».
Sendo assim, não me parece que a sequência co- em comodificação e comodidade seja um verdadeiro prefixo no português actual. É antes um elemento que etimologicamente, ou seja, na língua latina, tinha estatuto prefixal, significando «com».