A expressão «dar uma de joão-sem-braço» ou «golpe de joão-sem-braço» vem do Brasil e significa «esquivar-se ao trabalho» ou «escusar-se a fazer qualquer coisa». Sobre este assunto, citamos um artigo do Jornal do Brasil (1/8/2003):
«João-sem-braço provavelmente surgiu de comentários de homens anônimos que alegavam nada poder fazer, quando solicitados a trabalhar, disfarçando a preguiça, pois ao nobre era dado o direito de não trabalhar, de manter os braços livres para nada fazer, a não ser dar ordens para que outros fizessem todos os trabalhos, estando os simples absolutamente impedidos de fazer a mesma coisa.
[...]
«Como Portugal se formou a partir de sucessivas guerras travadas em seu próprio território, eram muitos os feridos e aleijados que, por sua condição, estavam impedidos de trabalhar, os primeiros temporariamente, e os outros para o resto de suas vidas, em muitos casos. Simular não ter um ou os dois braços constituiu-se em escusa para fugir ao trabalho e a outras obrigações. Não demorou, e a expressão "dar uma de joão-sem-braço" migrou para o rico, sutil e complexo reino da metáfora, aplicando-se a diversas situações em que a pessoa se omite, alegando razão insustentável.»
Note-se, contudo, que o conteúdo desta passagem tem de ser tomado com algum cuidado, porque falar nas «sucessivas guerras travadas» para justificar a existência de estropiados em Portugal é uma explicação sem relevânca. Com efeito, é raro o país que não tenha tido guerras travadas no seu território e que não tivesse estropiados em consequência disso.
N. E. (4/10/2016) – No quadro da aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 (Base XV), o composto deverá escrever-se sem hífenes – «João sem braço» –, dado tratar-se de uma locução substantiva com um elemento de ligação (sem).