Todas as palavras dicionarizadas em que entra o elemento cerebr(o)- são grafadas sem hífen, pelo que a grafia cerebrovascular deve ser preferida.
No entanto, trata-se de um composto inserido numa expressão, acidente cerebrovascular, que já tem equivalente, por sinal bastante divulgado, na língua portuguesa: acidente vascular cerebral.
Este aspecto remete-nos para a apropriação acrítica de termos estrangeiros que refere e que é crucial para o destino da língua portuguesa, ou melhor, para o rumo que ela possa tomar. Isso verifica-se sobretudo em áreas do saber em que a investigação e o progresso científico são veiculados em inglês. Muitas vezes os nossos investigadores e os nossos quadros superiores das mais variadas áreas são mais proficientes em inglês do que na sua própria língua. É em inglês que comunicam (oralmente ou por escrito), é em inglês que se dão a conhecer. E, mesmo sem darem por isso, ou sem se importarem com isso, vão introduzindo vocábulos que substituem outros com que por cá nos governamos e, potencialmente mais preocupante, estruturas que contrariam regras da nossa gramática. Se é (ou deve ser, segundo o conceito de norma-padrão mais disseminado, ou mais consensual) a classe mais culta que dita a norma, estaremos a seguir para onde?