DÚVIDAS

Nomes concretos ‘vs.’ nomes abstractos

Tenho algumas dúvidas na distinção entre nomes concretos e nomes abstractos.
Por exemplo, nomes como «queda», «tempo» ou «tarde».
«A queda do avião chocou o país.»
«A previsão do tempo não é a melhor.»
«Tudo tem o seu tempo.»
«Logo à tarde não poderei vir.»

Resposta

Segundo a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Cunha e Cintra (1984):
– nomes concretos designam seres propriamente ditos, isto é, nomes de pessoas, de lugares, de instituições, de um género, de uma espécie ou de um dos seus representantes: cavalo e Lisboa, por exemplo.
− nomes abstractos designam noções, acções, estados e qualidades considerados como seres: justiça e limpeza, por exemplo.

Segundo a TLEBS:
− nomes concretos são objectos ou entidades tipicamente tangíveis: porta e água, por exemplo;
− nomes abstractos são realidades imateriais: amor e educação, por exemplo.

Estas definições levam-nos a classificar os nomes em apreço como abstractos: queda designa uma acção; tempo e tarde designam noções. Nenhum destes nomes refere um objecto ou uma entidade tangível.

Note-se, no entanto, que tanto na TLEBS como na Gramática da Língua Portuguesa, de Mateus et al. (2003), se faz referência ao facto de não existir uma verdadeira oposição concreto/abstracto, mas, sim, diferentes valores numa escala concrecto-abstracto. As autoras consideram que um nome só assume um valor na escala concreto-abstracto quando comparado com outro nome, até porque um mesmo nome pode ser mais ou menos concreto dependendo do contexto linguístico em que ocorre: na frase «esse cão é mau», o nome cão assume um valor +[concreto] do que na frase «o cão é um mamífero».

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