Aplicando os traços definidos para adjetivo qualificativo, por Mateus et al. (2003) e Neves (2000)1, obtemos:
— indica uma propriedade não definidora; maravilhoso não indica a espécie ou a qualidade do clube (juvenil? de leitores? militar?);
— pode ocorrer em posição predicativa; ex.: «acho o meu clube maravilhoso»; «o meu clube é maravilhoso»;
— é graduável; ex.: «o meu clube é o mais maravilhoso de todos…»;
— tem antónimos; ex.: «o meu clube banal…», «o meu clube horrível…»;
— tem os valores semânticos de: avaliação (espantoso, lamentável, fantástico); intensificação (profundo, intenso, tremendo); autenticação (genuíno, típico).
O que nos leva, de imediato, a integrá-lo nesta subclasse.
Porém, sendo um adjetivo denominal (maravilha + oso), e atendendo ao reduzido exemplo que levanta a questão, poderíamos, a um outro nível semântico, entender que se trataria de uma relação de agenciamento ou de posse, isto é, que maravilhoso se poderia interpretar como aquele «que opera maravilhas» ou «que contém a maravilha», o que nos poderia levar a pensar que pertenceria à subclasse dos relacionais. No entanto, ao passarmos pelos comportamentos sintáticos, verificamos que maravilhoso não se integra nos adjetivos relacionais, o que implicaria que correspondesse aos seguintes critérios desses adjetivos:
— são, em geral, denominais (inclusivamente, derivados de nomes próprios) (shakespeariano);
— são complementos do nome;
— ocupam posição pós-nominal;
— não podem ocorrer em posição predicativa («*A revolta foi estudantil»);— podem denotar nacionalidade ou região de origem;— não têm antónimos;
— não são graduáveis;
— podem ter prefixo de valor numérico: unicelular, monocromático, poliglota.
Ex.: leonino, capilar, incolor, juvenil, bracarense, campestre, outonal, indiano, romano, octogonal.
1 Mateus el al., 2003, Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Caminho. Neves, M. H. M., 2000, Gramática de Usos do Português, São Paulo, Editora Unesp.