Já nos referimos várias vezes aos critérios para o uso de hífen com o advérbio não quando este antecede um adjectivo ou um substantivo. São muito simples:
a) a hifenização é de natureza estilística e, portanto, não é obrigatória;
b) tende-se a empregar o hífen mais com sequências de não + substantivo do que nas de não + adjectivo, o que se compreende porque muitos adjectivos são palavras que constroem a predicação como os verbos: assim como não usamos hífen entre não e um verbo, também não inserimos hífen entre o advérbio e o adjectivo.
Assim, pode escrever «não cumprimento da planificação» quando se refere a um caso pontual de inexistência de cumprimento, enquanto em «não-cumprimento da planificação» a forma «não-cumprimento» é mais compacta e acaba por se tornar a designação genérica de um tipo de situação. O mesmo se pode dizer de «língua não materna» e «língua não-materna»: a primeira expressão apenas refere uma realidade acerca da qual não se diz que seja materna, enquanto a segunda tem uma propriedade, a de ser não-materna, tal como poderia ser fácil, melodiosa ou oficial.