Que fique bem claro que o h nunca figura no fim das palavras portuguesas, exceto em interjeições (ex.: Ah!, Ih!, etc.) ou em nomes que o uso consagrou (ex.: Loth). Também nunca aparece no interior duma palavra com os elementos fundidos (diziam-se aglutinados, tradicionalmente), exceto em dígrafos (ex.: ch, nh, lh).
No início das palavras é meramente nos nossos dias um apêndice [sem qualquer som atualmente na língua], que a norma de 1945 e o novo acordo exigem só por razões etimológicas.
Numa revolução drástica e corajosa na língua (como foi a de 1911), é muito possível que estes apêndices sejam também extirpados, como já o foram letras quando dobradas, o s do sc inicial, o ph, o y, etc., e serão futuramente as consoantes não articuladas, de justificação insustentável.
Quanto ao h de humidade, ele já caiu na comunidade linguística brasileira, o que não escandaliza muito, mesmo nos nossos hábitos europeus, pois o h passa despercebido na palavra. Não lhe posso dizer “de uma vez por todas” se em Portugal humidade também se escreverá sem h no futuro, pois não encontrei a palavra no texto do novo acordo.
Só quando houver o Vocabulário Comum oficial, que estava previsto na assinatura do novo acordo, se poderão ter certezas absolutas quanto ao h ser nesta palavra definitivamente retirado em toda a lusofonia.
Mas o que lhe posso dizer, de certeza, é que, mesmo que seja admitida a dupla grafia para contentar as pessoas extremosas, a palavra sem h passará a ser legal no universo da língua; e, assim, o companheiro Paulo Silva poderá `operá-la ao apêndice´.
Aproveito para sublinhar que não defendo que a língua tenha um caráter exclusivamente fonético. A riqueza da sua adaptabilidade a todas as pronúncias da lusofonia está muito no seu caráter etimológico de base. É preciso não esquecer também que, por força do uso, algumas palavras com h inicial já têm fixação visual (ex.: hoje, hora, e deixa alguma perplexidade grafias como oje ou ora, esta que, aliás, teria de ser identificada no contexto). No entanto, é igualmente necessário lembrar que na reforma de 1911 houve quem considerasse indispensável o ph nas farmácias...
Deve-se respeitar a história das palavras porque faz parte da nossa herança social, mas já Ockham, século XIV, depois seguido por Newton, estabelecia: «O que pode ser feito com menos é feito em vão com mais»…