Talvez o mais fácil seja referir o nome oficial do país, neste caso República Cooperativa da Guiana (conforme o Código de Redação Interinstitucional para o uso do português nas instituições europeias), para que se entenda que se refere à ex-colónia inglesa. Relativamente à pronúncia de Guiana, nome do país, a grafia deste corresponde à articulação do u, formando este ditongo com o i (ui), tal como no nome próprio Rui.1 Por fim, o gentílico usado é guianês ou guianense (guianeses ou guianenses, no plural).
Observe-se que guianês é exatamente igual ao gentílico da Guiana Francesa, cujos naturais e habitantes são também referidos como guianeses. Segundo o referido Código de Redação Interinstitucional, para distinguir um guianês "inglês" de um guianês "francês", é necessário especificar ou substituir o gentílico por meio, respetivamente, das expressões «da República Cooperativa da Guiana» (para simplificar, Guiana) e «da Guiana Francesa» (apesar de, do ponto de vista francês, dizer-se simplesmente Guiana).2
Não parece, portanto, haver uma maneira que, à partida, garanta a perfeita identificação da nacionalidade de quem se diz guianês. No caso em apreço, deverá dizer-se guianês, mais precisamente, um «guianês da Guiana», ou melhor, um «guianês da República da Guiana». Mesmo assim, é de prever a necessidade de explicar que se trata de alguém que é natural da Guiana, um Estado independente que já foi colónia britânica.
1 No Vocabulário da Língua Portuguesa (1966), de Rebelo Gonçalves, a indicação fonética gùi...â significa que a palavra tem «g + ditongo átono ui (como em Guiana e Guiena) (idem, pág. LI), anotando-se que é «[i]nexacta a pronúncia da sílaba inicial como se fosse igual à da primeira sílaba de Guilherme» (idem, ibidem). Esta pronúncia continua a ser normativa no Brasil (cf. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras). Contudo, em Portugal, houve uma mudança, no sentido de pronunciar Guiana com o gui de Guilherme, a qual acabou por ser legitimada pela lexicografia, conforme atestam as transcrições fonéticas, por exemplo, de guianês no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa ([giɐnéʃ]) e do Grande Dicionário da Língua Portuguesa (2010) da Porto Editora ([giɐˈneʃ]). O Vocabulário Ortográfico do Português (Portal da Língua Portuguesa) confirma esta pronúncia com transcrição semelhante, relativa ao padrão lisboeta: [gjɐ.nˈeʃ]. Os outros vocabulários ortográficos publicados em Portugal – o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Porto Editora e o Vocabulário Ortográfico Atualizado da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa – não facultam indicações de pronúncia para as formas em apreço.
2 Haveria ainda que mencionar a antiga Guiana Holandesa, mas este território existe como Estado independente desde 1954 e é conhecido pelo nome de Suriname, do qual deriva o gentílico surinamês (ou surinamense).