DÚVIDAS

Gramática tradicional/sintagmática

Preciso de um auxílio para analisar as frases abaixo do ponto de vista da gramática tradicional e sintagmática:

  1. Dirigível não voa.
  2. Sílfide é o feminino de silfo.
  3. A própria palavra borboleta voa mal.
  4. Ele entrou na sala à miúde.

E também com os períodos compostos:

  1. Certas palavras dão a impressão de que voam ao sair da boca.
  2. Vivemos numa era paradoxal em que tudo pode ser dito claramente.
  3. Maridos podem explicar às suas mulheres que não têm exatamente amantes.
  4. Sempre achei que a palavra mais bonita da língua portuguesa é sobrancelha.
  5. Antônio Maria escreveu que sempre que alguém usa "outrossim" a frase é decorada.

Resposta

Vejamos primeiro as orações independentes das quatro primeiras alíneas, analisadas segundo a gramática tradicional:

  1. Dirigível: sujeito; não voa: predicado.

  2. Sílfide: sujeito; predicado: é o feminino de silfo (sendo o feminino de silfo o nome predicativo do sujeito, e de silfo o complemento determinativo do nome predicativo).

  3. A própria palavra borboleta: sujeito; voa: predicado; mal: complemento circunstancial de modo.

  4. Ele: sujeito; entrou: predicado; na sala: compl. circunstancial de lugar (a)onde; à miúde não é nada, deve estar por amiúde, no sentido de "repetidas vezes": complemento circunstancial de tempo.

O mesmo quanto às outras cinco:

  1. Certas até de: oração principal. Certas palavras: sujeito (sendo certas seu atributo); dão: predicado; a impressão de: complemento directo. 2.ª oração: subordinada relativa; sujeito (subentendido): eles; predicado: voam; ao sair da boca: compl. circunstancial de tempo, sendo da boca um complemento determinativo deste.

  2. Vivemos até paradoxal: oração principal. Vivemos: predicado; numa era paradoxal: compl. circunstancial de tempo, sendo paradoxal um atributo (ou acessório) de era. O sujeito é nós subentendido. A 2.ª oração é subordinada relativa. Sujeito: tudo; predicado: pode ser dito (sendo ser dito compl. de objecto directo de pode, que, neste caso, é transitivo). Claramente: compl. circunstancial de modo. Em que (= na qual): compl. circunstancial de tempo.

  3. Maridos até mulheres: oração principal. Maridos: sujeito; podem explicar: predicado (sendo explicar o compl. directo de podem). Compl. indirecto: às suas mulheres, sendo suas um compl. determinativo/possessivo. A 2.ª oração é subordinada integrante, constituindo toda ela o compl. directo da principal. Analisando-a: sujeito, subentendido, eles; predicado: não têm; compl. directo: amantes; exactamente: compl. circunstancial de modo.

  4. 1.ª oração: Sempre achei (principal). Análise: sujeito, subentendido, eu; predicado: achei; sempre: compl. circunstancial de tempo. 2.ª oração: subordinada integrante. Análise: a palavra até portuguesa: nome predicativo do sujeito (sendo mais bonita atributo ou acessório e da língua portuguesa um compl. determinativo). Predicado: é, etc.; sobrancelha: sujeito.

  5. 1.ª oração (principal): António Maria escreveu; sujeito: António Maria; predicado: escreveu. 2.ª oração: que a frase é decorada (subordinada integrante). Sujeito: a frase; predicado: é decorada (sendo decorada o nome predicativo do sujeito). 3.ª oração: sempre que... até "outrossim" (subordinada temporal); sujeito: alguém; predicado: usa; "outrossim": compl. directo.

Por falta de tempo e de espaço, acrescento só que na análise sintagmática constituem-se grupos de palavras que formam um conjunto no interior da frase, sendo o sintagma formado por uma sequência de morfemas lexicais e/ou gramaticais. Num sintagma as unidades ordenam-se quer à volta dum nome (sintagma nominal), quer à volta dum verbo (sintagma verbal, p. ex. ele lê muito devagar). Diz-se que o enunciado mínimo é formado por um sintagma verbal e por um nominal.

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