O Dictionnaire de Linguistique, de J. Dubois et alii (Paris, Éditions Larousse), explica que «se dá o nome de gramática sintagmática à gramática de constituintes de que N. Chomsky fez a base da componente sintáctica e cujas regras são chamadas regras sintagmáticas» (tradução minha).
Segundo o Dicionário de Linguagem e Lingüística, de R. L. Trask (São Paulo, Editora Contexto, 2004), a gramática sintagmática é «um tipo de gramática gerativa, que representa directamente a estrutura dos constituintes. Normalmente, consideramos a estrutura de qualquer sentença [frase] como um caso de estrutura de constituintes, em que as unidades menores se combinam para formar unidades maiores, que são, por sua vez, combinadas formando unidades ainda maiores, e assim sucessivamente». Isto quer dizer que na gramática sintagmática se procura identificar unidades através de procedimentos coerentes, que se situem no mesmo tipo de análise. Não é o caso da gramática tradicional, que recorre tanto a critérios formais como a outros de natureza semântica e até pragmática na definição das unidades análise.
Assim, por exemplo, na gramática sintagmática, o sujeito da frase é identificado por propriedades formais que podem ser reveladas por meio de testes:
(1) «Os engenheiros conceberam a ponte.»
Em (1), verifica-se o fenómeno da concordância: se o predicado concorda sempre com o sujeito, então o sujeito da frase só pode ser a expressão «os engenheiros», porque a forma verbal «conceberam» está no plural. Além disso, só pronomes pessoais sujeito (como se costuma dizer, na forma de nominativo) é que podem substituir expressões nominais com essa função:
(2) «Eles conceberam a ponte.»
Num quadro tradicional, a definição de sujeito é muito mais vaga, como se pode verificar na seguinte formulação:
«O sujeito é o ser sobre o qual se faz uma declaração [...]» (Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1984, pág. 122)
À luz desta definição, dificilmente se reconhecem em (1) as funções sintácticas de «os engenheiros» e «a ponte». Com efeito, a declaração associada a (1) diz respeito quer a «engenheiros» quer a «ponte», sem os distinguir sintacticamente.