Agradecemos, como sempre, a atenção com que acompanha os deslizes de tradução dos canais temáticas da televisão por cabo em Portugal. Pouco temos a acrescentar ao que já disse, mas, ainda assim, vamos tentar dar uma ou outra achega. Assim:
1. Fatalidade e casa mortuária
Em «Houve 30 fatalidades num desastre ocorrido, anos atrás, no estádio do Liverpool», o uso de fatalidades é anglicismo que deve ser substituído por vítimas. Em «... o salão serviu de sala de morte temporária», em vez de «sala de morte», deveria ter-se usado «casa mortuária».
2. Lazúli
É palavra grave, ou seja, tem acento tónico na penúltima sílaba. Por convenção ortográfica, as palavras agudas terminadas em i e u não têm acento gráfico; daí que lazúli tenha acento gráfico para poder ser lido como palavra grave.
3. «armada… de navios»
Em português, é redundância, porque armada já significa «conjunto das forças navais». Como ironicamente explica o consulente, o tradutor parece estar habituado a traduzir erradamente army, «exército», como armada; depois, para assinalar que se trata de uma frota, cria o pleonasmo «armada de navios».
4. "Plantaformas"
Parece gralha, mas pode ser também resultado de etimologia popular, no sentido de motivar a palavra, fazendo derivá-la de planta.
5. Luxuriosa e luxuosa
A palavra adequada ao contexto em apreço é realmente luxuosa. Luxurioso significa o mesmo que luxuriante, «abundante (em relação a vegetação), ou lascivo, «que ou o que se inclina aos prazeres do sexo, à sensualidade, à voluptuosidade» (cf. Dicionário Houaiss).
6. Medíocre
A pronúncia recomendada continua a ser a que tem acento tónico no i: [mɨdíukɾɨ] em transcrição fonética (cf. o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa e o Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora).
7. «Império do Meio»
A expressão «Império do Meio», como sinónimo da China da época imperial, é que é a expressão usada (cf. Rebelo Gonçalves, Vocabulário da Língua Portuguesa, 1966).
8. Ormuz
É assim que se escreve em português o nome da cidade iraniana que dá nome ao estreito de entrada e saída do golfo Pérsico (cf. Rebelo Gonçalves, Vocabulário da Língua Portuguesa, 1966). Pronuncia-se a palavra como [ɔɾmuʃ], articulando a terminação "-uz" como em capuz. O gentílico respectivo é ormuziano (idem).
Sobre o uso de pôr e colocar, consultem-se os Textos Relacionados.