Consultando José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, lê-se o seguinte acerca da etimologia de Álvaro:
«De origem ainda controversa: Meyer-Lübke, Romanische Namenstudien. I, 8, 81, II, 73, deriva de al-. alemão moderno alls, "todo, muito", e *wars, "atento, circunspecto"; Piel (s.v. Alvar) prefere como segundo elemento um der. do gótico warjan, sax[ónico] arc[aico] waron waran, "o que se ofende de todos"; ver Nunes, p. 44; Antr[oponímia Portuguesa de Leite de Vadconcelos]., p. 33. Estas explicações parecem forçadas. A popularidade do nome deve-se ao célebre escritor cristão Álvaro de Córdova (séc. IX) e ao beato Álvaro de Córdova (séc. XV, talvez nascido em Lisboa, festejado a 19-II). Latinizado Alvarus, este dever-se-ia a Alver, de Alvered (cf. Aliverdus, donde o esp[anhol] Alvarado), ou a forma apocopada de Alvaradu- (ver Alvarado). Em qualquer caso, o -v- é sonorização do -f- de AElfraed (> ingl[ês] Alfred, ver Alfredo), ligado ao germânico alfi, "elfo", radi, "conselho", influenciado pelo hispânico albar, der[ivado] do lat[im] albor (de albus, "branco"). O -v- era muitas vezes escrito -u-, daí outras formas como Aluer, por Alver (dada Withycombe, p. 14, como presentes no Domesday Book, séc. XI). Em fr[ancês] medieval Aluaru-, ou Alueru-, ter dado Alveré, Auveré. No séc. XIII: "Don Aluaro ren non lhis da", Pêro da Ponte, no C. B. N., n.º [1558]. Fernão Lopes usava com frequência a var[iante] Álvoro. "constramgeo tamto este Álvoro Paaez..." na Crón. de D. João I, I, cap. 5, p. 12. Antes de voc[ábulo] começado por vogal era Alvar: C. B. N. n.os [1249] e [1267]; Script. p. 167. Tem certo uso como apel. (Tel.).»
Sobre os apelidos em questão, já nos referimos anteriormente a Ferreira, Correia e Lima. Quanto a Barros, Machado (op. cit.) regista-o como apelido com origem no «s[ubstantivo] m[asculino] barro ou, talvez antes, de Barros [topónimo frequente]».
Quanto à origem lusitânica, se o consulente quer perguntar se os nomes acima descritos têm origem portuguesa, a resposta é sim. Quanto a saber se os mesmos têm origem lusitana, isto é, se provêm na língua dos lusitanos, já se torna muito mais difícil responder, porque se sabe muito pouco acerca dessa língua, a não ser, pelos escassíssimos documentos epigráficos que chegaram até nós, que pertence à família das línguas indo-europeias, tendo possivelmente uma relação estreita com as línguas dos ramos céltico e itálico.
Ora, a respeito aos nomes em apreço, o mais que se consegue apurar é que, entre os nomes aqui abordados, dois, Lima e Barros, não têm, em última análise, origem latina (como Ferreira, Correia) ou germânica (como Álvaro, apesar, como se viu, da convergência com vocábulos românicos da Península). Sobre Lima, remeto, mais uma vez, para a resposta que o aborda aqui no Ciberdúvidas. Acerca de Barros, tendo em conta a sua possível origem no substantivo comum barro, deve assinalar-se que, segundo o Dicionário Houaiss, tem «orig[em] contr[o]v[ersa]: prov[avelmente] de uma base pré-romana *barrum "argila, lodo, barro"; pode relacionar-se t[am]b[ém] morfossemanticamente com os rad[icais] 1bar- e barranc- [...]».1
1 bar-: «antepositivo, de uma base pré-romana provinda do gaulês *barro "extremidade", representada no lat. vulg. *barra (it. barra, fr. barre, provç. cat. esp. port. barra), com o sentido genérico de "travessa, tranca de fechar porta"» (Dicionário Houaiss); barranc- «antepositivo, de uma base pré-romana com latinização tardia, barrancus, de 1094, citada por Du Cange, já em esp. barranco em 1285, em port. no sXV, ocorrendo em várias línguas român[icas]» (idem).