Este poema revela a veia artística do poeta, o sentido de cada verso é metafórico e não poderá ser explicado sem uma análise aprofundada do poema na sua íntegra, algo que não nos compete aqui. Mesmo que fosse da nossa competência, o que apresentaríamos seria apenas uma das muitas análises, interpretações ou críticas a que um poema está sujeito, dado o seu teor literário.
Podemos apenas adiantar que no poema existe uma clara dicotomia, realizada pelo sujeito do enunciado através da comparação entre as vogais e as consoantes, sendo que as primeiras representam «um azul tão apaziguado», e as segundas ardem «entre o fulgor/das laranjas e do sol dos cavalos». Ora, é clara a distinção entre as cores quentes (laranja) e as cores frias (azul), ou entre os elementos fracos («apaziguado») e os elementos fortes («fulgor/sol dos cavalos)». A tais elementos são comparadas, por oposição, as vogais e as consoantes, opostos que se unem e formam um todo: as palavras.
Note-se que isto é apenas uma possível leitura, e a mesma pode estender-se a uma análise mais detalhada, convergente, ou mesmo divergente, desde que devidamente fundamentada.
Esperamos ter ajudado.
Sempre ao dispor.