Não é, a rigor, um abrasileiramento. É verdade que, para a maioria dos falantes do português europeu, é hoje possível pronunciar "scâner" sem articular um e inical nem chiar o s, tal como diz "ski" a par de "esqui". Contudo, a adição de um e à sequência de s + consoante, em começo de palavra, é antes uma tendência que vem do português antigo e perdurou até recentemente (SCHOLA > escola; SPATIU > espaço; STARE > estar). A ortografia reflete este fenómeno, e o português brasileiro ainda o conserva, mas o português europeu-padrão parece a estar a perdê-lo, visto esse e inicial cair frequentemente: escola passa a "chcola", espaço, a "chpaço", e estar, a "chtar", e até, no registo informal, "tar" (este último caso também se verifica nos falares brasileiros). Note-se que, na sua evolução, o espanhol apresenta o mesmo fenómeno, que está bem vivo nas suas variedades, como o comprovam a adição de um e a nomes ingleses começados por s + consoante (p. ex., Springsteen > "espringteen"). Observe-se, contudo, que nada disto aconteceu nem acontece em italiano: SCHOLA > scuola; SPATIU > spazio; STARE > stare.