Há vários recursos expressivos nestes versos:
— a enumeração, presente na apresentação sucessiva dos vários objetos/instrumentos usados, habitualmente, para se fechar ou abrir determinado espaço — «chave, fecho ou tranca» —, seriação essa que evidencia o cuidado do sujeito poético em demarcar que o mundo dos seus sonhos se trata de um universo privado, destacando-se, porém, pela impossibilidade de algo ou alguma coisa o poder fechar;
— a presença de várias metáforas com as quais o sujeito poético procura representar esse seu outro mundo, o dos sonhos, que, embora distinto do seu espaço real e físico, nunca se distancia dele, pois a «a porta larga» que o delimita e o caracteriza se mantém sempre aberta. Assim, servindo-se das metáforas da «porta larga», da «chave, fecho ou tranca», vocabulário do domínio do concreto, ligado ao campo semântico da casa, do cofre, o sujeito poético usa, também, a imagem para melhor criar a ideia desse universo não visível, mas sugerido através de marcas de referência do nosso universo comum.