O verbo tomar encontra-se conjugado no pretérito mais-que-perfeito simples do modo indicativo. Como forma verbal, deve concordar com a segunda pessoa do singular (tu) que é o sujeito da oração a que o verbo tomar pertence.
A dificuldade deriva do facto de o pretérito mais-que-perfeito simples do modo indicativo ser pouco frequente no nível de língua corrente. Além disso, a primeira pessoa do singular e a terceira pessoa do singular são iguais: tomara eu, tomara ele.
A colocação do verbo antes do pronome dá-lhe mais realce nesta frase. Como forma verbal que é, deve estar de acordo com o pronome pessoal respectivo: «tomaras tu...».1
1 N.E. – O Dicionário de Verbos e Regimes de Franscisco Fernandes (São Paulo, Editora Globo, 2001) apresenta «desejar» como uma das acepções de tomar; neste caso, o verbo emprega-se no mais-que-perfeito do indicativo e concorda em pessoa e número com o sujeito: «Tomáreis ser Júlio César? Deus vos livre disso» (António Vieira, Sermões, III, 7). Contudo, o Dicionário Houaiss regista tomara como interjeição em frases optativas, adquirindo o significado de oxalá, prouvera a Deus. Este uso sugere que é hoje também aceitável uma frase como «tomara tu teres o que eu tenho», desde que tomara seja seguido de uma completiva de infinitivo flexionado.