A expressão «Tomara!», usada com sentido equivalente a «Oxalá!», é um brasileirismo e está classificada, na nomenclatura brasileira, como uma interjeição que exprime desejo (cf. Dicionário Houaiss).
Em Portugal, a expressão equivalente é «Tomara eu!», locução interjectiva, dado ser constituída por mais do que uma palavra.
As outras frases que apresenta estão correctas e têm uma função interjectiva — que lhes é dada pelo verbo tomar — mas, pela sua estrutura de frase complexa, não cabem em nenhuma das classificações anteriores.
Uma locução equivale a uma interjeição, mas é constituída por duas ou mais palavras; é um «conjunto de palavras que equivalem a um só vocábulo, por terem significado conjunto próprio e função gramatical única» (in Dicionário Houaiss). Exemplos: «ora, bolas!» «raios te partam!» «valha-me Deus».
Ora, tratando-se de frases complexas, tais condições já não se verificam, pois há duas frases distintas com sentido diferente, em que a primeira — «Tomara» — é subordinante da segunda (oração iniciada por que).
Em suma, a palavra tomara — forma do verbo tomar, na 1.ª pessoa do singular do pretérito mais-que-perfeito do indicativo — pode ser uma interjeição ou locução interjectiva ou pode ter uma função interjectiva mas fugir a essa classificação, dado integrar uma estrutura complexa e nela desempenhar uma função sintáctica.
De qualquer forma, pela sua função interjectiva, justifica-se o uso do ponto de exclamação, à semelhança do que acontece com as interjeições.