Elle, delle, como relativos
Nas frases sobre o Projeto da Constituição, estes pronomes são efetivamente equivalentes a: o qual, do qual. Mas em Portugal são construções arcaicas. Notar que a grafia ll nestas palavras caiu em Portugal desde a Reforma de 1911. Nos vocabulários brasileiros também há muito que foi abandonada.
Ele em verbos impessoais
A frase «*ele chove», no sentido real, penso que aparece como corruptela gramatical popular. De facto, é um contrassenso grafar com sujeito um verbo que gramaticalmente não o tem. Estão neste caso os verbos climáticos (ex.: chover, trovejar, nevar).
Do ponto de vista estilístico, porém, posso aceitar o verbo impessoal com sujeito, se a utilização for figurada (ex.: «ele choveu-lhe pauladas» → muitas, sucessivas; «ele trovejou impropérios» → aos berros, iracundo). Como se observa, a língua reserva-nos virtualidades que vão além das regras. Se feita com discernimento, uma fuga ponderada das “margens” pode também dar uma expressividade particular à fluência do “rio”.