No período referido, encontram-se cinco orações; identifiquemo-las:
[[Os leitores desta revista gostaram tanto da Bahia] Oração Principal [que a primeira coisa [que fizeram] Oração relativa foi [ir para a rede] Oração Subordinada Completiva não finita [quando chegaram a casa] Oração Subordinada Temporal]Oração Subordinada Consecutiva
Uma análise alternativa é possível, fazendo depender a oração subordinada temporal «quando chegaram a casa» da oração subordinada completiva «ir para a rede».
Observações: Alterámos a ordem dos constituintes, de forma a tornar a análise mais transparente, pois, como se sabe, certos constituintes, como os temporais, têm grande mobilidade num período, de tal modo, que se podem mover, como na frase original, interrompendo outra oração. A segunda alteração diz respeito à preposição regida pelo verbo chegar na frase original, em: «*chegar em». Conforme podemos verificar no Dicionário Brasileiro Contemporâneo de Francisco Fernandes e no Dicionário Houaiss (versão brasileira), o verbo chegar rege a preposição a: «chegar a», ou de : «chegar de», mas não em (corrente na oralidade e escrita informal do português do Brasil, mas não aceite pela norma):
«verbo transitivo indireto e intransitivo 1 atingir o termo de uma trajetória, de um percurso de ida e/ou de vinda Ex.: <chegou hoje (da Europa)> <c. a casa> <a flecha não chegou ao alvo> <o avião chegou antes da hora> transitivo indireto e intransitivo 2 alcançar ou tocar um determinado ponto no espaço ou no tempo Ex.: <o menino chega ao ombro do pai> <a saia chega até ao chão> <c. até altas horas estudando> transitivo indireto 3 atingir um ponto extremo; ir ao máximo Ex.: c. aos limites da paciência (...)»
A sequência «que fizeram foi», segundo a Gramática da Professora Maria Helena Mira Mateus (1989:277), constitui apenas uma oração, a qual subcategoriza um complemento frásico (uma completiva), complemento esse que pode ser (todo ele) substituído por «isso»:
«O que eles fizeram foi isso»
«*O que eles fizeram isso»
O verbo ser funciona como um elemento enfático, pois integra-se numa estrutura de foco, que, na sua ordem natural seria «eles fizeram isso», sem o verbo ser.
De qualquer forma, alterei a divisão, deixo ao teu critério.
Fiquei ainda de consultar algumas gramáticas normativas, e encontrei uma descrição interessante; transcrevo-ta na íntegra:
«Expressão de Realce
8.54. A expressão de realce é uma palavra ou pequena expressão que empregamos para dar mais vida ou ênfase à frase, embora não seja necessária ao sentido da oração. Ex.:
Tu lá sabes. (=Tu sabes.)
Ele é que não se atreve a isso. (= Ele não se atreve a isso.)
Foi ali que o caro se esbarrou. (= O carro esbarrou-se ali.)
Infeliz do pobrezinho. (= Infeliz pobrezinho.)
Que santa que é esta mulher. (= Que santa é esta mulher)»
Fonte: Enciclopédia Estudo - Curso de Português, Questões de Gramática (Essenciais) e Noções de Latim.
Dir. por Américo Areal, Porto: Edições Asa, 1980.