Deprimente denota aquilo «que deprime», e deprimido, o «que está abatido ou em estado de depressão» (cf. dicionário da Academia das Ciências de Lisboa). Por outras palavras, deprimente tem sentido agentivo, pois refere-se a quem ou ao que causa depressão, enquanto deprimido se aplica ao alvo, ao paciente da influência que deprime.
Contudo, quando se analisa a semântica do adjetivo depressivo, depressa se repara na sua ambivalência, pois é interpretável como deprimente e deprimido – e não se pense que, entre os dicionários disponíveis, só o dicionário Priberam define assim o adjetivo em causa*. Mesmo assim, é possível ter a perceção de esses dois significados de depressivo emergirem de maneira diferente, em função dos substantivos associados. Com efeito, um «cenário depressivo» é sempre um «cenário deprimente»; no entanto, um «indivíduo depressivo» é geralmente uma pessoa deprimida (ou um animal deprimido) – o que não impede que a sua presença ou o seu estado de ânimo possam ser deprimentes para quem o cerca.
É, pois, legítimo concluir que, pelo menos, no discurso não especializado, depressivo constitui um sinónimo de deprimente, quando modifica substantivos que denotem entidades não humanas. Mas equivalerá geralmente a deprimido, quando se junta a substantivos aplicáveis a pessoas e eventualmente a animais.
* Esclareça-se que no dicionário Priberam não se diz que depressivo é o mesmo que «pessoa depressiva», nem que este adjetivo se associa apenas a pessoas. O que esta fonte atribui como uma das duas aceções de depressivo é a definição «que deprime», formulação que tanto pode aplicar-se a pessoas como qualquer outro tipo de entidades.