O raciocínio desenvolvido na primeira frase está correcto: em «o bairro de Copacabana», «de Copacabana» não pode ser uma locução adjectiva. Mas também não nos parece ser uma locução substantiva/palavra composta, apesar de se assemelhar aos exemplos apresentados no Documento n.º 2: Bases Analíticas do Acordo Ortográfico de 1945 – 28: «alma de cântaro, cabeça de motim, cão de guarda, criado de quarto, moço de recados, sala de visitas.»
A preposição de, neste tipo de contextos, é considerada por muitos autores uma preposição expletiva, cuja única função é a de realce:
«Algumas vezes, o aposto especificativo vem introduzido pela preposição de, especialmente se se trata de denominações de instituições, logradouros, de acidentes geográficos:
Praça da República
Ilha de Marajó
Cidade do Recife
Tal construção, materialmente falando, aproxima o aposto do adjunto adnominal preposicionado, que vimos antes; todavia, do ponto de vista semântico, há diferença entre Ilha de Marajó e casa de Pedro. Em casa de Pedro, casa e Pedro são duas realidades distintas, enquanto em ilha e Marajó se trata de uma só realidade, já que ambos querem referir-se a um só conteúdo de pensamento designado. Quanto ao emprego da preposição de nas construções deste último tipo, como bem ensina Epifânio Dias, "da arbitrariedade do uso é que depende o empregar-se em uns casos de definitivo, em outros a aposição. Diz-se, por exemplo, o nome de Augusto, mas a palavra Augusto; a cidade de Lisboa, mas o rio Tejo» (Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa, Rio de Janeiro, Editora Lucerna, 2002, pág. 458).
E uma prova disso é que, tal como nos refere o consulente, em «O bairro de Copacabana é lindo», o de pode ser omitido, sem gerar agramaticalidade: «O bairro Copacabana é lindo.»
Sempre ao dispor.