Nas frases apresentadas, o verbo vir, na forma viria, encontra-se na terceira pessoa do singular do condicional simples.
Segundo as gramáticas, o condicional pode ser interpretado como um modo ou um tempo. E veicula uma ideia de hipótese ou desejo e pode ser substituído pelo pretérito imperfeito do indicativo, como se observa no contraste entre os exemplos (1) e (2):
(1) Gostaria de visitar Londres.
(2) Gostava de visitar Londres.
Nas gramáticas em que se realça o seu uso como tempo verbal, como é o caso da Nova Gramática do Português Contemporâneo de Cunha e Cintra, prefere-se a designação de futuro do pretérito ou futuro do passado. Neste caso, o condicional utiliza-se para i) designar ações posteriores à época de que se fala, ii) como forma polida do presente, geralmente, denotadora de desejo, iii) nas afirmações condicionadas, quando se referem a factos que não se realizam e que, provavelmente, não se realizaram. Neste sentido, tal como referido anteriormente, o condicional também pode, nestas situações, ser substituído pelo imperfeito do indicativo.
Ora, nas frases apresentadas pelo consulente, as situações descritas pelo verbo vir acontecem no passado e como consequência de outras situações passadas, sendo que o condicional é usado aqui segundo o valor i), ou seja, como um tempo posterior à época de que se fala, estando todas as situações localizadas num intervalo de tempo passado. Esta utilização surge no contexto do relato histórico, uma vez que os acontecimentos descritos por estas frases são facilmente identificáveis como sendo episódios da História de Portugal.
Uma caraterística relevante do relato histórico é que este integra a narração de uma sucessão de acontecimentos, demonstrando uma ordem causal, isto é, determinada situação só poderia ter acontecido se uma outra se tivesse realizado primeiro. Por exemplo, na frase três apresentada pelo consulente, a informação descrita é que o fim do império só foi possível, porque houve uma derrota perante os muçulmanos.
Portanto, nas frases apresentadas, o condicional é usado para indicar que determinado acontecimento só foi possível, porque um outro foi realizado primeiro, ou seja, que a situação de que se fala só aconteceu, porque uma outra ocorreu primeiro.