Segue-se a regra geral da concordância (o adjectivo concorda em número e género com o substantivo com que se relaciona): «quando a gente era garota.»
Relativamente à concordância de género no caso de a gente, Maria Helena de Moura Neves, no Guia de Uso do Português (São Paulo, Editora Unesp), observa o seguinte:
«A expressão a gente [...] é usada como um pronome pessoal de plural, numa referência que inclui a primeira pessoa ("nós"). É um uso de linguagem bastante menos formal já bastante aceito. [...] [S]egundo as lições normativas a concordância com a gente (expressão que tem um núcleo feminino) deve ser feita no feminino, não importando que o falante incluído no nós seja homem. A GENTE é solteira, mas não é criança. [...] A GENTE não é amiga de uma pessoa porque quer.» [...]
Contudo, é preciso realçar que a concordância com a gente apresenta grande flexibilidade, justamente porque o discurso menos formal não se submete de forma sistemática às regras e convenções da norma. A isto mesmo se refere Moura Neves (op.cit.) quando diz:
«Entretanto, é frequente a concordância no masculino, e especialmente quando o falante é homem. É uma concordância que reflecte o carácter de pronome pessoal que a expressão assume, no qual fica perdida a propriedade substantiva de gênero (feminino) de gente.»