Neste caso, estamos perante o emprego do verbo haver, enquanto verbo impessoal, tomando o sentido de «existir».
Deste modo, haver não tem sujeito e é transitivo direto, sendo o seu objeto o nome da coisa existente ou, a substituí-lo, o pronome pessoal o (a, lo, la): «Há tantas folhas pelas calçadas!» («Há-as pelas calçadas!»).
Outros exemplos com o verbo haver e o complemento representado por pronome:
«Houve inquéritos nos distritos.» – «Houve-os.»
«Havia intrigas políticas.» – «Havia-as.»
«Há soluções para a cidade.» – «Há-as.»
Quando se quer chamar a atenção para o complemento direto que precede o verbo, costuma-se repeti-lo, designando-se por complemento direto pleonástico, em cuja constituição entra sempre um pronome pessoal átono:
«Palavras cria-as o tempo e o tempo as mata», José Cardoso Pires, O Delfim
Temos o mesmo caso na frase «Perguntas há-as para todos os gostos» com o pronome átono -as a reforçar pleonasticamente o complemento direto perguntas.
Fonte: Nova Gramática do Português Contemporâneo, Celso Cunha e Lindley Cintra