O tema a abordar não é fácil porque há contextos em que os dois tipos de oração se confundem, mas vamos procurar evidenciar a diferença.
Uma oração completiva segue-se geralmente a um verbo ou a uma locução verbal e desempenha a função de sujeito ou de complemento direto na frase em que esse verbo ocorre:
1. «Sei [QUE é tarde].»
2. «É sabido [QUE é tarde].»
Nos exemplos apresentados, a palavra que é um elemento de ligação (trata-se de uma conjunção) entre um verbo e o resto da frase, que é uma oração que lhe completa o sentido: em 1, a oração «que é tarde» tem a função de complemento direto; em 2, essa oração é sujeito, visto o verbo se encontrar na voz passiva. A parte da frase que começa por que pode ser substituída por «isso», conforme o teste utilizado em 4:
3. «Sei isso.»
4. «É sabido isso.» = «Isso é sabido.»
Note-se que, em 4, neste caso, a completiva que é substituída tem a função de sujeito de «é sabido». Ao usarmos o pronome isso, convém que este apareça à cabeça da frase, visto ser essa a ordem mais habitual com sujeitos por expressões formadas por substantivos ou pronomes (isso é um pronome demonstrativo).
Passando ao outro tipo de oração, é preciso notar que uma oração relativa sem antecedente é introduzida por um pronome relativo, geralmente quem ou o que:
5. «[QUEM vai ao mar] perde o lugar.»
6. «Detesto [QUEM se arma em esperto].»
7. «[O QUE fizeste] está errado.»
8. «Não percebi [O QUE disseste].»
Nos exemplos 5 e 6, quem pode ser substituído por «a(s) pessoa(s) que»; nos exemplos 7 e 8, o que é substituível por «aquilo que».
Note-se que a palavra que, no começo de uma oração completiva, não pode ser substituída pelas expressões «a(s) pessoa(s) que» e «aquilo que», como se pode comprovar se procedermos a essa substituição nos exemplos 1 e 2, a seguir repetidos:
1´ «Sei *[a pessoa que é tarde].»
2´ «É sabido *[aquilo que é tarde].»
O resultado é agramatical, como assinala o asterisco (*).