Na verdade, o termo mais usado em decoração para se referir a esse objecto é mesmo cabideiro. Até meados do século XX, no Brasil, o objeto era muito comum na entrada das casas e consultórios, escritórios, bibliotecas e qualquer lugar onde houvesse entrada de pessoas com o fim de permanecer um determinado tempo nessas instalações. Os nomes variavam e podia ser designado por bengaleiro ou chapeleiro. Depois dos anos 60, nós ficamos modernos e abolimos esse útil móvel/objeto.
No fim do século XX, com a multiplicação dos brechós, lojas de antiguidades e afins, vieram à luz os velhos bengaleiros que foram rapidamente absorvidos pelo mercado de decoração e adotados pelos seu compradores com o nome de cabideiros e também reciclados e modernizados de inúmeras formas. Com a falta de espaço que domina nossos exíguos apartamentos citadinos, os bengaleiros transformaram-se em ganchos na parede com mais ou menos aspectos decorativos, isolados ou em conjunto, e adotaram o nome de cabideiro.
Na prática, o que temos hoje é, maior frequência de uso do termo cabide quando o falante se refere a um objecto pequeno de madeira, plástico ou metal para pendurar uma peça de roupa, ou duas (quando se trate de uma parte de cima mais calça ou saia).
Em 90% das buscas por imagens na web, é essa a que encontramos correspondendo ao termo.
Já cabideiro, quando inicia buscas na web, identifica um objecto de decoração, fixo na parede ou não, atendendo por expressões como «cabideiro de parede, para roupas, de madeira, de pé, arara, antigo». Ainda quando se usa o termo cabide nesse sentido é sempre composto: «cabide de pé», «cabide de parede», «cabide da entrada». Ou seja, ao seleccionar o termo cabide, sem outro termo determinante, o falante refere-se ao pequeno objeto utilitário, não ao móvel/objecto de decoração.
É claro que a língua, como facto social, permite variações, ampliações ou reduções de uso e sentido. O leitor poderá, portanto, chamar o seu cabideiro de cabide, mas nunca poderá usar o termo cabideiro em expressões, mais ou menos pejorativas, como «cabide de empregos» ou «cabide para empresas» ou, ainda, em referência a modelos em desfile de moda, «cabide ambulante». Guarda, assim, o velho cabideiro a sua dignidade de objecto de decoração com local fixo diferenciando-se do pequeno objecto facilmente transportável cujo o destino é, em geral, o armário e não a porta da entrada.