O ato ilocutório expressivo visa expressar um dado estado psicológico do locutor, responsável pela frase, relativamente a um estado de coisas presente no enunciado (ou subentendido). Assim, em (1) o locutor manifesta o seu estado psicológico de arrependimento relativamente a uma ação anterior sobre o interlocutor:
(1) «Desculpa-me por te ter magoado.»
Em (2), o locutor expressa o seu estado de agradecimento pelo facto de ele próprio ter concluído o curso:
(2) «Estou feliz por ter concluído o curso.»
Assim, os atos ilocutórios expressivos implicam que o locutor faça um juízo de valor que assenta no efeito de uma dada situação no interlocutor, como em (1), ou nele próprio, como em (2).
Searle apresenta uma lista de verbos performativos que exemplificam os atos ilocutórios expressivos: agradecer, congratular(-se), desculpar-se, exprimir condolências, deplorar, dar as boas-vindas e saudar.
Ora, no caso da frase apresentada, o locutor não expressa o seu estado emocional relativamente a um dado estado de coisas, pelo que, à partida, não estaremos perante um ato ilocutório expressivo. A intenção será antes a de descrever um facto, relacionando o locutor com a verdade do enunciado, o que configura um ato ilocutório assertivo.
Não obstante, a presença dos adjetivos pode alterar a curva entonacional da frase, que passa de assertiva a exclamativa. Este facto leva a que alguns autores defendam que estes serão enunciados híbridos, que conjugam dois atos ilocutórios: o assertivo e o expressivo. Cortés fala, nesta linha, de orações assertivas com valor exclamativo, dada a presença do adjetivo avaliativo2.
Não obstante, advirta-se que esta será uma interpretação que exige aprofundamento de análise e um maior conhecimento da teoria dos atos ilocutórios que só caberá no contexto de uma investigação de natureza universitária.
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1. Searle, Speech Acts. An Essay in the Philosophy of Language. Cambridge University Press, 1969.
2. Apud Palrilha, Contributos para a análise dos actos ilocutórios expressivos em português. Dissertação de Mestrado em Linguística e Ensino, 2009, p. 97.