De facto, mantêm-se distintas as grafias desse país árabe, como variantes de Portugal (Irão, «forma corrente em Portugal») e do Brasil (Irã, «forma corrente no Brasil»), grafias essas que se encontram registadas no anterior Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Coimbra, Coimbra Editora, 1966), de Rebelo Gonçalves.
Não houve, portanto, alterações com a aplicação do Acordo Ortográfico de 19901, uma vez que a forma Irão é a que se encontra contemplada no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Porto Editora, assim como no Dicionário de Gentílicos e Topónimos, da responsabilidade do ILTEC — cujos habitantes e/ou residentes (gentílicos) são designados iranianos ou irânicos.
Por sua vez, Irã (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2009) é a forma do topónimo no Brasil,
respeitando a palavra original de onde deriva. Por sua vez, e segundo o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, para além destes, existem outros gentílicos para Irão/Irã: iraniense (adj. s. 2 g.) e irânio (adj. s. m.).
Relativamente à causa das duas grafias – Irão e Irã –, veja esta resposta.
1 O próprio Acordo Ortográfico de 1990 admite a possibilidade das duas grafias para os nomes próprios estrangeiros, conforme se pode verificar no ponto 3 da Base I (Do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados), respetivamente: «3. [...] mantém-se nos vocábulos derivados eruditamente de nomes próprios estrangeiros quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos não peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes: comtista, de Comte; garrettiano, de Garrett; jeffersónia/ jeffersônia, de Jefferson; mülleriano, de Müller; shakespeariano, de Shakespeare.» A recomendação do aportuguesamento dos topónimos estrangeiros é expressa no ponto 6: «Recomenda-se que os topónimos de línguas estrangeiras se substituam, tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em português ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente. Exemplo: Anvers, substituído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Garonne, por Garona; Genève, por Genebra; Jutland, por Jutlândia; Milano, por Milão; München, por Muniche; Torino, por Turim; Zürich, por Zurique, etc. »
Os vocabulários autorizados registarão grafias alternativas admissíveis, em casos de divulgação de certas palavras de tal tipo de origem (a exemplo de fúcsia/fúchsia e derivados, bungavília/bunganvílea/bougainvíllea).