A colocação dos adjetivos perniciosos e infinitas antes ou depois dos nomes decorre da noção de o adjetivo assumir um valor objetivo (depois do nome) ou subjetivo (antes do nome), sendo, por isso, ambas corretas.
Efetivamente, em português, prepondera a ordem direta que corresponde à sequência lógica do enunciado. Assim, o adjetivo, regra geral, deve vir depois do substantivo que qualifica.
No entanto, a nossa língua contempla a ordem inversa, principalmente nas formas afetivas da linguagem, em que a anteposição de um termo é uma forma de realçá-lo1.
Podemos estabelecer que a sequência substantivo + adjetivo possui valor objetivo:
a) Dia escuro
b) Rapariga boa
c) Dia triste
Quando se verifica a sequência adjetivo + substantivo, destaca-se o primeiro, atribuindo-lhe um valor subjetivo.
a) Escuro dia
b) Boa rapariga
c) Triste dia
Existem situações em que o adjetivo surge, regra geral, posposto ao adjetivo:
1. Quando são adjetivos de natureza classificatória, nomeadamente os técnicos e os relacionais:
a) Animal doméstico
b) Água gaseificada
c) Deputado republicano
2. Quando os adjetivos destacam características como a forma, a dimensão, a cor e o estado:
a) Terreno plano
b) Sala redonda
c) Blusa preta
3. Quando os adjetivos são seguidos de um complemento nominal:
a) Uma medida necessária ao país
b) Um exercício fácil de resolver
Urge, no entanto, salientar as situações em que, regra geral, os adjetivos ocorrem antes do substantivo:
1. Os superlativos relativos: «o melhor», «o pior», «o maior», «o menor»:
a) O melhor prémio da vida é a saúde.
2. Certos adjetivos monossilábicos que formam com o substantivo expressões equivalentes a substantivos compostos:
a) Boa noite
3. O adjetivo que assume um sentido figurado:
a) Um grande homem (no sentido humano) / um homem grande (no sentido da altura)
b) Uma pobre mulher (no sentido psicológico) / uma mulher pobre (no sentido material)
Disponha sempre!
1 Ver Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, pág. 267-270.