Em inglês, a palavra "gender" («gé[ê]nero») pode ser sinónimo de "sex" («sexo»). Com efeito, quem consulte o Oxford Advanced Learner’s Dictionary verá que “gender” tem duas acepções: por um lado, designa a classificação de nomes e adjectivos segundo as categorias linguísticas de masculino, feminino e, em certas línguas, neutro; por outro lado, o termo refere-se à realidade do dimorfismo sexual (masculino e feminino).
No entanto, desde há mais de vinte anos, "gender" também é usado para referir as convenções socioculturais associadas à diferença de sexos; por outras palavras, há uma série de aspectos que marcam o contraste entre sexos, mas que em vez de naturais são convencionais (ver esta página em inglês).
Se a construção da identidade sexual tem uma importante dimensão cultural, então o contraste entre os sexos quanto ao seu comportamento pode não ser natural mas resultado de convenções sociais, mais ou menos conscientes (recorde-se que durante muito tempo se aceitou que o azul era a cor dos rapazes, e o rosa, a das raparigas). É por isso que hoje se fala em género, porque, além do facto biológico de haver dois sexos, há também a construção de identidades tanto no âmbito individual como no de grupo. Por exemplo, usa-se a palavra género quando reconhecemos ou assumimos que há diferentes tipos de orientação sexual.
Compreende-se assim que no mundo de língua inglesa tenha surgido uma corrente de estudos literários e culturais denominada "gender studies", os quais podem abranger o femininismo e a chamada cultura "gay". Digamos, pois, que hoje, em português, género é uma palavra da moda, que umas vezes é usada adequadamente, porque corresponde à tomada de consciência da construção da sexualidade como facto cultural; noutras ocasiões, a palavra surge sem qualquer sentido, apenas porque não se quis usar a palavra sexo.