Relativamente a «ter a certeza», a utilização da preposição argumental de é defendida pelos linguistas João Peres e Telmo Móia em Áreas Críticas da Língua Portuguesa (Lisboa, Caminho, 1995, pp. 94-95; pp. 111-112; pp. 124-125), sendo a sua utilização obrigatória «antes de argumentos oracionais infinitivos (2) e de argumentos nominais (3) e pronominais (4), como podemos verificar através dos exemplos apresentados::
1. «Tenho a certeza de que o Paulo me vai ajudar.»
1.1. (?) «Tenho a certeza que o Paulo me vai ajudar.»
2. «Tenho a certeza de poder contar com a ajuda do Paulo.»
2.1. *«Tenho a certeza poder contar com a ajuda do Paulo.» (* – agramatical)
3. «Tenho a certeza de muitas coisas.»
3.1. *«Tenho a certeza muitas coisas.» (* – agramatical)
4. «Tenho a certeza disso.»
4.1. *«Tenho a certeza isso.» (* – agramatical)
Segundo Peres e Móia, os nomes/substantivos certeza ou ideia requerem a preposição argumental de, o que nos pode levar a inferir que a mesma regra se pode utilizar para noção, tendo em conta que esta palavra se insere no campo semântico de ideia.
De qualquer modo, o Dicionário de Regimes de Substantivos e Adjetivos (1960), de Francisco Fernandes, indica-nos acerca de, de e sobre como a locução e as preposições argumentais do nome/substantivo noção, exemplificando com as seguintes frases:
«Adquiridas as noções acerca do aparelho fonador e dos sons que ele produz, podemos penetrar no estudo das alterações fonéticas» (Sousa da Silveira, Lições de Português, p. 67).
«Ele recebeu noções de várias matérias», «Ter ou dar noção alguma coisa» (Morais).
«Não lhes sucederia decerto o que sucedeu a uma criança a quem o pai não soube expor as noções essenciais sobre o transformismo» (Medeiros e Albuquerque, Quando Eu Era Vivo, 55).