DÚVIDAS

Complementos do nome na TLEBS (Portugal)

1. Tendo em conta a definição de complemeto do nome [«Constituinte do grupo nominal que se encontra à direita do núcleo (o nome) e é seleccionado por ele. O complemento do nome pode ser um grupo preposicional (frásico ou não frásico) ou um grupo adjectival.»], será que posso chamar
– Complemento preposicional não frásico do nome em vez de Complemento preposicional nome?
– Complemento preposicional frásico do nome em vez de Complemento frásico nome?

2. Na TLEBS não aparece o Complemento adjectival do nome, mas devia, não devia?
3. Na terminologia surgem os termos: modificador do nome, modificador do nome restritivo, modificador adjectival.

Mas será que posso usar os seguintes termos?:

– Modificador adjectival restritivo do nome: Função sintáctica desempenhada por um constituinte adjectival que pode ser constituído por adjectivo ou grupo adjectival. Este modificador, apesar de não ser seleccionado pelo grupo nominal que modifica, restringe (limita) a referência do núcleo (nome). Ex. [Os alunos interessados] visitaram com o museu Soares dos Reis.

– Modificador preposicional restritivo do nome: Função sintáctica desempenhada por um grupo preposicional que, apesar de não ser seleccionado pelo grupo nominal que modifica, restringe (limita) a referência do núcleo (nome). Ex. [A viagem de Braga ao Porto] foi divertida.

Resposta

1 – Complemento do nome
O conceito de base está lá. Há complementos de nome que são constituídos por frases que se ligam ao nome por preposições e complementos de nome que são nomes, que são igualmente introduzidos por uma preposição. Todavia, porque a TLEBS pretende unificar, tanto quanto possível, termos e conceitos, creio que deveremos utilizar a terminologia que aí é proposta, e o que a portaria veicula é «Complemento preposicional do nome» e «Complemento frásico do nome». Aliás, noutras situações em que uma frase é introduzida, ou iniciada, por uma preposição também se privilegia o conceito frase. Repare, por exemplo, na frase «Informo os presentes de que o espectáculo vai começar», «de que o espectáculo vai começar» é uma frase e não é costume designá-la doutra forma.

2 – Complemento adjectival do nome?
Assumindo que a diferença entre complemento e modificador é a que define aquele como intrínseco – ainda que não de explicitação obrigatória em determinados contextos – e este como acessório, não me recordo de nenhuma situação em que o adjectivo seja de ocorrência obrigatória, a não ser em situações em que estamos perante uma expressão lexicalizada, ou seja, quando nome e adjectivo designam, em conjunto, uma dada realidade. Assim sendo, não vislumbro situações em que tenha necessidade de recorrer ao conceito «Complemento adjectival». Se tiver situações concretas que ilustrem a sua dúvida, por favor diga-nos.

3 – Modificador adjectival, modificador do nome restritivo; modificador do nome apositivo
As suas definições, que seguem de perto o que se diz na Base de Dados de apoio à TLEBS, estão, parece-me, correctas. Parece-me, no entanto, de realçar que um modificador de nome é, por definição, não obrigatório – se fosse obrigatório, seria complemento. Por outro lado, veicula sempre informação sobre o nome. Se essa informação permite constituir um subgrupo no grupo maior que o nome designa, então é restritivo. Como nos casos que apresenta. Em «Os alunos interessados visitaram o Museu Soares dos Reis», o adjectivo interessados restringe o total dos alunos. Em «A viagem de Braga ao Porto foi divertida», de Braga ao Porto identifica, logo restringe, a viagem que foi divertida. Neste contexto, a viagem de Lisboa ao Porto está excluída da “diversão”, por exemplo.

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