Não foi aqui possível achar estudos que confirmem a possibilidade de ti se pronunciar com /t/ palatalizado ou como consoante palatal – pelo menos, não parece que estas pronúncias se atestem entre falantes do português europeu padrão. A situação é, portanto, diferente da do português do Brasil, variedade onde o ti , por exemplo, de tia (a par do fenómeno correspondente no di de dia), tem diversas realizações, podendo oscilar muitas vezes entre um t palatalizado – em transcrição fonética [ˈtʲiɐ] – e uma africada surda (não vozeada) que soa "tchia" – [ˈtʃiɐ]1.
Contudo, têm-se identificado articulações aspiradas, conforme se assinala num documento do Arquivo Dialetal do Centro de Linguística da Universidade do Porto, no qual se regista a «realização das consoantes oclusivas não vozeadas /p/, /t/ e /k/ com aspiração ([pʰ], [tʰ] e [kʰ], respetivamente)», com os seguintes exemplos: [dɨˈpʰojʃ] (depois); [ˈtʰavɐ] (estava); [ˈkʰẽtʰ] (quente).
1 Ver tia no Vocabulário Ortográfico do Português (Portal da Língua). Convém referir igualmente que a palatalização de /t/ e /d/ é descrita na Gramática do Português (Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2013-2020, p. 150), por Rosa Virgínia Mattos e Silva (adaptou-se a marcação original de sinal de sílaba tónica): «[...] em PB [português brasileiro] ocorre a palatalização das consoantes oclusivas /t/ e /d/ quando seguidas da vogal [i] ou da semivogal [j], fenómeno que não ocorre em Portugal. Assim, tia, Tiago e dente são pronunciados respetivamente, [ˈtʃia], [tʃiˈagu] e [ˈdẽtʃi] (neste último exemplo, porque a vogal final é produzida como [i] [...]. Essas palatalizações [...] não são extensíveis a todas as variedades de PB [...].»