Nos casos em apreço, as formas dativas do pronome desempenham a função de complemento do adjetivo.
Nas frases, o sintagma adjetival, composto por um núcleo adjetival, leal e fiel, poderia ser acompanhado por constituintes como os apresentados em (1) e (2):
(1) «Eu sou leal aos meus amigos.»
(2) «Eu sou fiel ao meu colega.»
Os constituintes «aos meus amigos» e «ao meu colega» desempenham a função de complemento do adjetivo e podem ser substituídos por um pronome clítico:
(1a) «Eu sou-lhes leal.»
(2a) «Eu sou-lhe fiel.»
Nas frases apresentadas pelo consulente, verifica-se a mesma situação.
Por sua vez, o dativo ético e o dativo de interesse integram os chamados “dativos éticos”. Estes constituem termos que «aparecem sob forma de objeto indireto, nominal ou pronominal […] [e] não estão direta ou indiretamente ligados à esfera do predicado» (Bechara, Moderna Gramática Portuguesa. p. 350). Neste âmbito, o dativo de interesse indica quem beneficia da ação verbal:
(3) «Vive para os filhos.»
(4) «Abriu-me o livro na página certa.»
O dativo ético é comum na oralidade e é expresso por um pronome que fica fora do espaço do complemento indireto, como se observa na frase (5), na qual «às crianças» desempenha a função de complemento indireto:
(5) «Não me deem bolo às crianças»
O dativo ético, representado pelo pronome me, evidencia uma estratégia de captar a atenção do interlocutor e de o levar a concretizar a solicitação do locutor (cf. ibidem)
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