Pois é classificado como uma conjunção coordenativa, que pode ter valor explicativo ou conclusivo. Como tal, esta conjunção deverá ser utilizada no início da oração coordenada, porque desempenha precisamente a função de conector, isto é, a de ligar duas orações. Deste modo, nas frases em causa, pois tem o valor de conjunção coordenada explicativa, e o modo correcto de a utilizar no princípio da oração que introduz será sem vírgula à direita:
(i) «Louvamos a plena e sábia decisão dos maiores juízes do Brasil, pois acertaram ao manter tal norma. A democracia brasileira agradece.»
No entanto, existem certas conjunções, principalmente as adversativas, que podem surgir no início de uma frase:
(ii) «Está a chover! Mas vou sair à mesma.»
Quero apenas chamar a atenção para que pois, quando conjunção coordenada conclusiva, isto é, quando introduz uma oração que exprime consequência, terá de surgir sempre posposto a um elemento dessa oração. Veja-se o seguinte exemplo:
(iii) «Houve muitas dificuldades, e o trabalho foi feito, pois, com muito sacrifício e com muito suor.»
É também possível suprimir a conjunção e em (iii) e obter uma sequência de duas frases independentes:
(iv) «Houve muitas dificuldades. O trabalho foi feito, pois, com muito sacrifício e com muito suor.»
Em (iv), a conjunção pois é um conector frásico, um pouco à semelhança de mas em (ii), apesar de aparecer depois do predicado («foi feito»).
Observe-se, porém, que em português europeu a palavra pois também pode surgir em início de frases, adquirindo nesse caso valor adverbial:
(i) «Está frio hoje!»
(ii) «Pois está!»
Sempre ao seu dispor.